terça-feira, 28 de agosto de 2007

O USO DO GEOPROCESSAMENTO NA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL

Texto de Charlene Silva

A autora é graduada em Geografia pela UEA, bacharel em Administração pela UFAM e pós-graduada em Gestão de Políticas Ambientais pela Faculdade da Serra. Mestranda em Geografia pela UFAM.

O município tem um importante papel na preservação e conservação do meio ambiente, e esta responsabilidade está bem evidenciada na Constituição de 1988, a qual lhe impõe o dever de defendé-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Porém esta responsabilidade já estava preconizada pela Lei 6.938/81 da Politica Nacional do Meio Ambiente, no qual já delegava ao município relevante papel na defesa do meio ambiente, mas sua citação a nivel constitucional reforçou ainda mais sua função. Desta forma o municipio através de um órgão local, faz parte do Sistema Nacional do Meio Ambiente, incumbindo-se de promover o equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessáriamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo e sustentável dos recursos naturais.
Os problemas ambientais municipais são muitos, vão desde o lixo ao tratamento de água potável, da ocupação do solo em relação aos mananciais a problemas de esgoto sanitário. Em relação as áreas rurais podemos citar como problemas mais comuns : os desmatamentos irregulares, a degradação do solo e a poluição por agrotóxicos. Todos esses problemas afetam diretamente a saúde pública e a qualidade de vida da população local, logo, a urgência na solução de tais questões exigem do poder local uma atitude imediata. Nestes termos o órgão ambiental responsável deve estar preparado para solucionar e/ou minimizar tais problemas, mas, para isso é preciso que o mesmo utilize o mínimo de técnicas e tecnologias que lhe dê um suporte teórico/prático para que possa adotar medidas efizazes perante o problema.É dentro desta perspectiva que o Geoprocessamento surge como uma importante ferramenta no auxílio a gestão ambiental. Como ressalta um conhecido pesquisador da área, Xavier da Silva, “O Brasil conta com mais de 5.000 municípios que podem, em maior ou menor grau, se valer das técnicas de geoprocessamento para a definição dos diferentes tipos de potencial existentes em seus territórios”.
Esta poderosa ferramenta pode auxiliar muito no planejamento,organização e controle ambiental do território dos municípios, pois como coloca o mesmo autor utilizar o geoprocessamento é “ tratar o município de forma integrada, como uma visão sinóptica, porém detalhável ao nível necessário para enfrentar os problemas detectados, significa incorporar a natureza do território ao planejamento”. Logo tanto no planejamento como na gestão esta tecnologia dá uma importante contribuição.
Atraves do geoprocessamento podemos conhecer melhor o espaço geográfico, e desta forma os tomadores de decisão poderão gerir melhor o ambiente em que se encontram, sendo esta uma questão fundamental, pois refere-se à possibilidade do uso racional dos recursos diponíveis em um município, levando em consideração sua potencialidades e limitações existentes dentro de seu território. O geoprocessamento muda a forma de coletar, utilizar e dimensionar a informação, possibilitando o acompanhamento-monitoria- do desenvolvimento ou da implementação dos novos planos de desenvolvimento, por meios diversos, desde imagens de satélite até mapas interativos que permitem medir a espacialização da extensão dos efeitos das políticas e ações de desenvolvimento, sobre o espaço em questão, em tempo real. A possibilidade de processar geográficamente informação confiável, precisa e rapidamente acessível, para elaboração de planos e estratégias necessários à gestao do território municipal, compatíveis com as características particulares de cada sociedade e do espaço por ela ocupado ou produzido é, sem dúvida, a contribuição do geoprocessamento(VEIGA & XAVIER DA SILVA).
A administração pública precisa atentar para as vantagens de se desenvolver um Sistema de Informações Geográficas (SIG), pois o município como um todo se beneficiará com instrumentos técnicos que assegurem uma visão holística e ao mesmo tempo sinóptica de seu território, que leve em consideração tanto os fatores bióticos e abióticos, como o social e econômico. Podemos afirmar que o SIG em si não vai fazer nenhum milagre, mas, além de ser uma excelente ferramenta, possibilitará a instalação de uma “cultura do planejamento”, “uma cultura cartográfica”. Esta sim pode fazer a diferença na melhoria da qualidade de vida no município.

Educação Ambiental: Multar, Recompensar ou Sensibilizar?

Texto de Ricardo Fernandes


O autorPós-graduado em Gestão de Recursos Hídricos pela UFAM, Graduado em Geografia e Técnico Ambiental da Secretaria de Meio-Ambiente de Parintins.

Sempre ouvimos dizer que o ser humano só muda quando dói no bolso. Será? Será, por exemplo, que, se a partir de hoje, o motorista que não usasse cinto de segurança não fosse mais multado, ele continuaria usando? Provavelmente não usaria mais. Quem defende a teoria do bolso diria agora: “Então, não falei? Se não doer no bolso não muda!”. Mas isso é mudança? Se ao parar de doer no bolso a pessoa volta ao que era antes, na verdade não houve mudança alguma. Houve apenas uma adequação provisória a uma imposição externa.
Mudanças de comportamentos motivadas por multas ou recompensas tendem a não perseverar depois de encerrada a coerção ou estímulo externo.
Em contrapartida mudanças motivadas tendem a ser para sempre. Aí sim é mudança. Quando trabalhamos a motivação para a mudança baseando os argumentos nas questões ambientais e sociais estamos trabalhando o senso crítico das pessoas, estamos trabalhando com educação, com fazer a diferença, com o poder individual que as pessoas têm de mudar o mundo a partir de sua mudança, e não apenas com uma adequação de comportamento elástica que, uma vez cessado o indutor, volta tudo como era antes.
Sensibilizar para as questões ambientais implica em dar ao indivíduo uma oportunidade de visualizar o todo. É importante saber como funciona o processo das coisas que queremos mudar, para então fazermos a diferença. Caso contrário estaremos apenas defendendo receitas de bolo que não são apropriadas para a nossa realidade e achando sempre que “os outros” são o problema.
Sensibilizar em comunidades carentes, em situação de crise, em ambientes formais, cada situação tem sua peculiaridade e seu grau de dificuldade. Mas, o importante é não perdermos de vista os objetivos de sustentabilidade o real motivo de todo o trabalho.
Sustentabilidade: a comunidade sustentável é definida como aquela que é capaz de atender às suas necessidades e satisfazer suas aspirações sem diminuir as oportunidades das gerações futuras. (F. Capra em seu livro Conexões Ocultas).

sábado, 25 de agosto de 2007

EDUCAÇÃO PARINTINENSE: A MENOS PIOR

Texto de Harald Dinelly

O autor é Gerente de Planos da Coordenadoria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Parintins, Acadêmico de Administração da UFAM e Micro-Empresário

Semana passada foi divulgado amplamente nos jornais de Manaus e interior o resultado do IDEB (índice de desenvolvimento da educação básica), realizado pelo MEC (Ministério da Educação) e para nossa satisfação Parintins estava representada entre as primeiras colocações no anos iniciais do ensino fundamental com o Colégio Estadual Nossa Senhora do Carmo com nota 5,3 (do máximo de 10 pontos) ficando em segundo no estado e em oitavo em todo o norte. Outras referências de nosso ensino são o Colégio Estadual Batista de Parintins e a Escola Estadual Araújo filho com nota 4,7 ficando os dois em sétimo lugar no estado e em sexagésimo na região Norte. Nos anos finais do ensino fundamental o resultado foi melhor ainda, o Colégio Estadual Nossa Senhora do Carmo foi classificado em primeiro no estado e em terceiro na região norte também com nota 5,3 (do máximo de 10 pontos).
Porém, não podemos nos empolgar e analisar este fato isoladamente, outros estudos realizados devem ser levados em conta e mostram realmente como anda a qualidade de nossa educação, pois como não foi divulgado o IDEB leva em conta as notas em matemática e língua portuguesa e com o mesmo peso a quantidade de aprovados, ou seja, tornando este índice muito mais quantitativo que qualitativo. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Juvenil 2006, elaborado pela Organização dos Estados Ibero americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) a qualidade da educação do Brasil está entre as três piores do globo, ao lado da Indonésia e da Tunísia.
Dentre os estados brasileiros, segundo os resultados da o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do ano passado, o Amazonas é o penúltimo lugar na classificação dos Estados brasileiros. A atual política educacional brasileira está tornando nossas escolas “fábricas” de currículo escolar, e as salas de aula em linhas de montagem, onde a maior preocupação é produzir em grande quantidade.
Todo o ano a historia se repete, em todas as séries os alunos têm a sua disposição provas de recuperação durante todo o ano, cada vez que ele é reprovado cria-se uma nova prova para tentar aprova-lo. As Escolas criam todo um cenário para atingir uma maior quantidade de alunos aprovados, pois de acordo com o seu índice de aprovação ela recebe mais ou menos recursos.
É importante ressaltar que esses alunos quando saem do ensino médio não têm a capacidade de resolver problemas de lógica e muito menos capacidade de fazer um texto dissertativo ou de interpretar um simples texto. Estão acostumados - para não dizer bitolados – a simplesmente repetir o que os professores falam em sala de aula, não são estimulados a desenvolver um senso crítico, a indagar e a buscar novas opiniões, apenas aceitam a informação como lhes é repassada.
Ao saírem do ensino médio, estes mesmos alunos fazem um vestibular, que em alguns cursos nem a redação lhes é exigida, além da deficiência destas provas – com nível de dificuldade compatível com o ensino que lhes foi ofertado. Ainda estão sendo criadas uma série de cotas, PSC, Negros e Pobres terão uma porcentagem das vagas garantidas. Com toda essa facilidade os alunos deficientes são aprovados e ao chegarem nas Universidades, se deparam com um ensino de mesmo nível que eles tiveram durante toda a vida, onde fazem provas de consulta, seminários onde todos recebem as mesma nota 10, e quando são exigidos por algum professor que tem a consciência do péssimo profissional que está formando, os mesmos se sentem perseguidos e exigem que se faça a mesma metodologia na qual o professor é “obrigado” a aprovar o aluno.
Estou citando apenas o ensino “presencial”, mas temos também o “ensino” através de tele-aulas, este grande avanço é tecnológico mas, pouco educacional. Os alunos passam quatro horas diárias em sala de aula (quando comparecem), assistindo a um Professor que, por mais qualificado que seja não tem a menor condição de avaliar se o conteúdo passado está sendo absorvido, não existe o feedback, as aulas são formatadas sem se levar em conta o local onde serão apresentadas, a realidade é muito diferente até mesmo dentro do estado do Amazonas, um aluno que mora em tabatinga é muito diferente do que mora em Parintins. Os instrutores, responsáveis pela presença da Instituição na sala de aula, limitam-se apenas a tarefas básicas, não têm capacidade de responder a questionamentos, ficando estes a espera de resposta por e-mail.
Não devemos culpar as Escolas, os Professores e muito menos os alunos por este quadro preocupante, tampouco o governo do Estado e as Prefeituras, pois observamos os grandes investimentos em infra-estrutura, a educação de nosso município hoje atende a toda a zona rural, inclusive com o ensino médio. Devemos culpar a política educacional praticada em nosso país, que estimula a inclusão educacional e não se preocupa com a qualidade do ensino ofertado, e não adianta o governo federal culpar os mandatos anteriores porque é incompreensível que nestes cinco anos ele tenha ficado inerte, ou até mesmo omisso.
Por isso, Parabéns às Escolas de Parintins, que estão entre as melhores da Região Norte e vaias a “la carioquês” para o Presidente Lula e seu ministro da educação Fernando Haddad que juntos estão construindo este sistema educacional exemplo mundial de ineficácia.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Os Apagões


Texto de Luís Oreste

O autor é Economista, Pós- graduando em Educação Ambiental e colaborador da Equipe de Projetos da Coordenadoria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Parintins.


O termo apagão, segundo o dicionário Aurélio, significa corte ou interrupção de energia, escurecimento completo que leva ao blecaute. De uns dois anos para cá, o termo passou a ser utilizado para explicar a situação em que se encontra a aviação brasileira. Sistemas de monitoramento defasados; controladores estressados devido à alta carga horária de trabalho; aeroportos dentro dos centros urbanos criando áreas de grande risco; falta de concurso público para aumentar o quadro de funcionários e, para agravar ainda mais o problema, os recentes acidentes da Gol e da TAM.
Por outro lado, se verificarmos as causas desses problemas podemos identificar: falta de investimentos por parte do governo federal quanto a melhorias e adequações nas estruturas aeroportuárias tanto nas pistas como na área de embarque e desembarque; construção de novos aeroportos nas regiões com maior tráfego; aumento da demanda pelo transporte aéreo.
Em Parintins, um dos problemas enfrentados no aeroporto Júlio Belém são os urubus, que construíram seus ninhos ao lado da extensão da pista, eles se alimentam do inajá* na cabeceira da pista. Quando eles sobrevoam causam problemas no momento de pouso e decolagem das aeronaves. Vários incidentes já ocorreram e a ANAC estabeleceu um prazo para a direção do aeroporto sobre providências a serem tomadas. Será necessário acontecer um acidente de grandes proporções na pista? Ou mesmo que o Júlio Belém seja interditado? Como ocorreu em Tefé recentemente, para que sejam tomadas as medidas de prevenção contra acidentes?
Pelo que se verifica, a sociedade moderna caminha a passos largos e as políticas públicas caminham lentas como as tartarugas. Soluções não são tomadas; a não ser medidas paliativas. E o governo só fecha as portas depois de arrombadas. Se fizermos uma análise sobre o município de Parintins, veremos que não existe apenas um apagão aéreo e sim vários apagões. Trânsito, saúde, educação, habitação, saneamento básico, geração de emprego e renda, e uma carga tributária muito alta que desestimula os investimentos produtivos e estimula os investimentos financeiros. Se a contrapartida do município com os recursos arrecadados e os repasses do governo estadual e federal fossem realizados de forma correta, a população não precisaria pagar planos de saúde, colocar os filhos em escolas e faculdades particulares, não estariam com medo provocado pela violência e não haveria um déficit tão grande de moradias estimado em 1600 famílias vivendo em áreas de risco ou em condições subumanas. No trânsito todos os dias acontecem acidentes e já começa entre as famílias o medo de sair e voltar acidentado ou morto. A má formação dos condutores, inoperância do DETRAN e a falta de estrutura da policia militar para fiscalizar são os fatores que agravam o problema. E a municipalização do trânsito onde está? Todos os meses a secretaria de saúde tem despesas com passagens ou fretes de avião para levar as vítimas de acidentes para Manaus em busca de melhor atendimento. Imagine o drama que vive as famílias tendo que acompanhar os parentes na capital tendo que arcar com as despesas durante o período de tratamento. Até hoje não temos UTI na rede hospitalar. Quanto ao saneamento básico, os resíduos sólidos são recolhidos na área urbana atendendo a toda população de forma exemplar, se compararmos com outros municípios vizinhos, mas quanto a disposição final do lixo é que vem o problema. Tudo o que é coletado na cidade é despejado num lixão a céu aberto, onde os catadores de lixo disputam com os urubus o que pode ser aproveitado. É desumano assistir a essa cena.
Enfim, Parintins não tem um planejamento a longo prazo, com políticas públicas voltadas realmente para a população. Falta leitura e visão critica dos problemas do município, visto que, tudo é projetado para quatro anos (ou oito). Conseqüentemente, os apagões continuam e temos que lutar para que não se agrave mais ainda, como acontece com o setor aéreo no Brasil.

*Palmeira cultivada, da família das palmáceas (Pindarea concinna), de cerca de 5 a 6m de altura, de fruto drupáceo, verde-amarelo; anaiá, coco-de-indaiá, coco-indaiá, inaiá, inajá, indaiá, najá, perinã

Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Texto de José Paulo
O autor é Biólogo, pós-graduado em Gestão de Recursos e Hídricos e colaborador da Secretaria de Meio Ambiente de Parintins.
Muito se tem discutido sobre a questão ambiental na época que estamos atravessando. Não só no município de Parintins, mas em todo o mundo, os olhares se projetam para os graves e ainda inevitáveis acontecimentos que sobrevirão sobre o planeta. A preservação dos recursos naturais ainda é algo insipiente, fora do que precisa realmente ser feito para a proteção integral do meio ambiente. Dentro desta perspectiva, estamos vivendo a nível nacional, a Década Brasileira da Água, que iniciou em 2005 e vai até 2015. A água, como recurso natural, é um bem de inestimável valor, mas que infelizmente, ainda não nos conscientizamos para tal fato. A vida como um todo depende deste recurso natural. Todo o meio ambiente se mantém em torno desta preciosidade. Segundo literaturas, a vida surgiu em meio à água e em tese, desaparecerá por conta da mesma. Tudo por conta da falta de consciência de cada ser humano, que se julgando superior a tudo e a todos, destrói o meio ambiente onde está inserido poluindo rios, desmatando florestas próximas a corpos d’água e não pensando que, fazendo isto, prepara um caminho tortuoso e infeliz para os seus descentendes. Como preservar os recursos hídricos e a partir deles, o meio ambiente? Como implementar de fato a educação ambiental para promover tal preservação/conservação? Simples: trabalho pessoal! Conscientização pessoal! Tudo o que aprendemos, aprendemos porque quisemos aprender. Está mais do que provado que nenhum conhecimento, nenhuma informação ou o que quer que seja permanece no consciente humano se este assim não permitir. Logo, do mais algoz madeireiro, que desmata quilômetros e quilômetros de florestas e faz os rios secarem a mais simples dona de casa, que lança diariamente seus esgotos para a rua, pois sabe que vai sair no corpo hídrico mais próximo, já ouviram falar que estão potencialmente abalando o meio ambiente (claro que em proporções diferentes), no entanto, ainda não permitiram que as informações de preservação e conservação ambiental lhes venham a tona e se torne algo realmente concreto em suas vidas. Por que só o outro tem que preservar? Por que somente o outro precisa fazer a parte dele? Será que quem pensa dessa forma está excluído do processo ambiental que vivemos? Parece que sim! Mas mesmo que seja assim, não é nem um pouco coerente entrarmos no espaço dos outros e destruirmos aquilo que não nos pertence. A água é de todos. Por Lei, tanto Federal, Estadual ou Municipal, é um bem de uso comum assim como todos os demais elementos da natureza. É nossa obrigação preservá-la, evitar contaminações, desperdícios, cuidar das nossas águas para que um dia, esse recurso não se torne escasso mesmo para nós que vivemos na região da maior bacia hidrográfica do mundo. Tal processo é simples. Basta força de vontade. Medidas simples, caseiras ou não, podem reverter o quadro de descaso com os recursos hídricos. Vamos cuidar do meio ambiente. É hora de olharmos com mais atenção para os nossos rios, lagos, igarapés, furos, nascentes e também para todos os outros recursos naturais que hoje possuímos como os animais, as nossas florestas, enfim todo o nosso patrimônio natural, para que o nosso desmazelo com o meio ambiente não nos leve ao nosso próprio fim. Vivamos com responsabilidade e concretude a Década Brasileira da água, mas não somente da água: também do ar, do solo, da fauna, da flora e de todas as benevolências que a Mãe Natureza ainda oferece ao ser humano.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O BOI BUMBÁ E A RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL



Texto de Harald Dinelly

O autor é Gerente de Planos da Coordenadoria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Parintins, Acadêmico de Administração da UFAM e Micro-Empresário


Nos dias 03 e 04 deste mês foi realizado o III Seminário de Avaliação Crítica do Festival Folclórico de Parintins, onde foram discutidos vários eixos temáticos que iam de “Nova Estrutura do Bumbódromo” até “Comunicação e Marketing”. O que não se viu em nenhum momento foram os Bois e o Governo do Estado tomar a iniciativa de discutir e avaliar o impacto social e ambiental que o Festival causa ao nosso município.
Os Bois, que são os grandes beneficiados pelo Festival Folclórico de Parintins, em nenhum momento preocupam-se com os malefícios sociais causados ao povo parintinense, a prostituição infantil que acontece o ano todo, durante o Festival se intensifica, e não adianta a Ilma. Ministra do Turismo Marta Suplicy vir a nossa cidade para lançar campanha contra a prostituição infantil se as instituições que atuam no combate a este crime hediondo, como os nossos heróicos conselheiros tutelares, não têm apoio suficiente, para desenvolver um trabalho de impacto, de nenhuma esfera pública (Municipal, Estadual ou Federal). Outro fato é a quantidade de partos que acontecem nove meses depois (Março e Abril) nos hospitais de Parintins, na sua maioria são mães solteiras que não terão condições de criar esses filhos, estes crescerão sem a referência paterna e poderão ser futuramente adolescentes desajustados que ficarão a margem da sociedade e esta exclusão os fará entrar no submundo do crime.
E o povo indígena, que é a base da criatividade de nosso Festival, graças a sua vasta cultura nossos bois se renovam ano a ano, e graças a isto hoje somos o Boi Bumbá, senão ainda seríamos “Bumba Meu Boi” vindo do Maranhão e teríamos que repetir ano a ano a mesma história do “Auto do Boi”, perdendo com isso nossa criatividade que tornou notória mundialmente a nossa Festa. Os índios participam de nossa Festa, porém como empurradores das alegorias, não têm direito a nada do que os bois arrecadam usando sua cultura milenar e em um Seminário como o supracitado, apesar de estarem alijados do processo, surge um índio questionando o Festival, fui surpreendido pelas “infelizes” palavras de alguém que estava em uma fileira atrás de mim: “O que eles querem?... não sabem nem empurrar as alegorias”, se referindo aos acidentes que ocorrem frequentemente em nosso Festival cuja a maioria dos “executados” são os aqueles que dão vida ao nosso Festival, índios.
A questão ambiental é algo que nem precisaria estar sendo discutido, por ser um problema de ordem mundial e que ocupa a maior parte da mídia global. Os Bois entram na arena do Bumbódromo como defensores da Amazônia, evocam nas toadas os seres fantásticos da mitologia indígena e até se identificam com eles: “... Somos curupiras... somos curupiras...”, porém, que proteção ambiental é praticada pelos bois no nosso dia a dia? Caprichoso e Garantido durante o seu processo de criativo na construção das fantasias e alegorias fantásticas em nenhum momento preocupam-se com os resíduos gerados pelo processo, a grande quantidade de lixo que fica nos arredores dos galpões é absurdo e mais absurdo ainda é ter a resposta irresponsável de que a destinação final deste lixo é somente de responsabilidade da Prefeitura.
A melhor maneira de se combater o lixo é sensibilizando a sociedade de que o lixo é gerado por cada de um de nós, e que o combate aos seus malefícios também deverão ser iniciados por nós, praticando os 3 erres: Reduzir (diminuir a quantidade de lixo gerada), Reutilizar (aproveitar algumas coisas para serem utilizadas para outros fins) e Reciclar (fazer com que parte do lixo se torne novamente matéria-prima para novos produtos).
Quero deixar claro que não sou contrário ao nosso Festival, porém precisamos questionar as pessoas que estão à frente dos Bois-Bumbás para que não fiquem visando apenas a arena do Bumbódromo e sim toda a sociedade que está em volta dele, de onde nasceu no início do século passado esta manifestação Folclórica sem igual. È de responsabilidade dos Bois, patrocinadores e apoiadores combater as mazelas que são produzidas pelo Festival.
Este é o momento oportuno para se questionar, estamos próximos a mais uma eleição nos Bois e esperamos que os candidatos tenham esta visão macro do Festival para que,um dia, os Bois-Bumbás realmente mostrem que são protetores da nossa mata, representantes da cultura milenar indígena e fomentadores de uma sociedade Parintinense melhor.

Ética Econômica e Ambiental

Texto de Luís Oreste
O autor é Economista, Pós- graduando em Educação Ambiental e colaborador da Equipe de Projetos da Coordenadoria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Parintins.

Valorização econômica dos recursos naturais que são utilizados como insumos na produção, substituição de materiais, eficiência energética e reaproveitamento dos resíduos, adaptado aos padrões de produção e de consumo são as tendências econômicas do mundo moderno, devido à preocupação com o Meio Ambiente. Existe hoje um processo latente de mudança da forma de entendimento e condução da questão econômico-ambiental. Inicialmente vivia-se o paradigma do comando-e-controle, entendido como regulações governamentais que definem normas de desempenho para as tecnologias e produtos e estabelecem normas e padrões para efluentes e emissões. E não se trabalhava com auto-regulação por parte das empresas, o governo simplesmente estabelecia as regras e as atividades produtivas tinham que cumpri-las. Uma atuação e ação bipolares. Com o passar do tempo, e com a ocorrência de uma série de desastres ecológicos, do aumento da dilapidação dos recursos naturais, do aumento da poluição das águas, do ar e do solo, a humanidade voltou sua atenção para problemas como o aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, a chuva ácida, a desertificação crescente.
A partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano – ECO-92, já sob a égide do conceito de desenvolvimento sustentável, começou-se a formular uma nova visão para tratar do assunto. As empresas começaram a trabalhar em conceitos de atuação responsável, responsabilidade social, políticas de auto-regulação, e outros radicalmente novos com o da ecoeficiência. A visão econômica dos novos tempos é baseada na constatação de que a poluição representa recursos que se evadiram de um sistema de produção, sendo, portanto, uma anomalia econômica e evitá-la é do interesse do sistema produtivo. A dimensão econômica da sustentabilidade ganha corpo, insere-se definitivamente no processo e na política ambiental onde o controle do meio ambiente é estratégico e deve ser considerado uma vantagem competitiva. No caso da limpeza urbana a dimensão econômica tem uma similaridade total com a questão ambiental, tem as mesmas causas e sofre dos mesmos efeitos, e mais, faz parte integrante da questão ambiental e como tal deve ser entendida. A questão ambiental, assim como a dos resíduos, não é mais bipolar – comando-e-controle, mas sim tripolar – governo-sociedade-empresa. Hoje o que se espera de uma organização, seja ela empresa privada, não governamental ou instituição pública é que contribua para a construção de uma sociedade mais justa e ambientalmente sustentável. Sabe-se que quanto mais responsabilidade se tiver socialmente maiores serão as chances de manter e ampliar a base de clientes, o que adquire maior importância quando se trata de uma entidade do Poder Público, pois sua clientela é toda a sociedade. Neste campo, representantes do executivo municipal, legisladores, gerentes, técnicos, empreendedores, empresários têm o poder de iniciar e assegurar grandes mudanças em nossa sociedade por meio da busca de oportunidades rentáveis aliadas à criatividade, à persistência e à sinergia com outros empreendedores.
O comportamento técnico, profissional e pessoal dos integrantes das instituições deve ser cada vez mais eticamente responsável, porque as pessoas exigirão relacionamento transparente das organizações e seus empregados e a comprovação de que não provocam impactos negativos na sociedade ou no ambiente. As organizações privadas e os setores do serviço público deverão lidar, cada vez mais, com as questões sociais e ambientais, tanto no âmbito interno quanto no externo. As relações vão ter que ser desenvolvidas e conduzidas de forma ética: governo, órgãos ambientais, empresários, comunidade, funcionários, e as atividades deverão promover os interesses e necessidades das pessoas em harmonia com a natureza.