domingo, 18 de outubro de 2009

Visita Técnica à Feira da Panair - Manaus / Am

Texto de Harald Dinelly

O autor é Coordenador de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Parintins, Administrador de Empresas, Consultor do Projeto Empreender – SEBRAE/CACB, Técnico em Geotecnologias, Micro-Empresário e Vice-Presidente da Associação Comercial e Industrial de Parintins.


Na chegada ao local o que mais chamou atenção foi a grande quantidade de lixo e falta de higiene em todos as áreas da Feira, ao subir na balsa de venda de peixes nos deparamos com uma realidade muito pior, montes de peixe jogados no chão (a espécie encontrada foi a matrinxã), sendo estes montes carregados em carrinho de mão até depósitos de lixo localizados na entrada da balsa. Disputando este peixe localizado no chão algumas pessoas tentam encontrar algum peixe que tenha condições de ser seu alimento do dia. Ao conversar com o senhor responsável pela limpeza (funcionário da Prefeitura de Manaus) soubemos que em média são jogadas no lixo 20 toneladas diárias de peixe.

Em conversa com os donos das embarcações soubemos que os barcos que vendem peixe naquela área, são oriundos de todo o Amazonas e também barcos de Santarém. Questionados sobre o grande desperdício que encontramos o pescador informou que se não retirarem certa quantidade de peixes diárias (varia com o tamanho da embarcação) correm o risco de perder todo o peixe estocado em sua geleira. Os barcos ficam em média três dias atracados na balsa, e diariamente os pescadores retiram parte do peixe estocado para a venda à população em bancas localizadas dentro da balsa.

Os pescadores também relataram que pagam uma taxa diária pela atracação na balsa e pelo uso das bancas e também têm o gasto com gelo, oriundo de uma fábrica dentro da balsa, para manter os peixes estocados na geleira em bom estado para o consumo. Todas as taxas são pagas à colônia dos Pescadores que tem um escritório na balsa para fazer o controle dos pagamentos. Fomos em busca de confirmação das informações obtidas porém não encontramos ninguém no escritório.

Existe também ao lado da balsa uma feira de peixes e carnes, onde são vendidos peixes de todas as espécies permitidas ao consumo, porém em menor quantidade e melhor qualidade, encontrei tambaquis de 15 kg oriundos de Parintins e postas de pirarucu seco vindos de mamirauá.

Em seguida fomos visitar as obras do que será o Terminal Pesqueiro Público de Manaus, que está sendo construído com recursos da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca. Nesta visita encontramos o prédio em fase de final de contrução, com câmaras frigoríficas, manejo de resíduos sólidos e líquidos, área administrativa, balsa de atracamento e área reservada para um restaurante panorâmico.

Portanto, pelo que foi observado, os pescadores que comercializam seus peixes na feira da PANAIR, não dispõem de estrutura suficiente para receber toda a sua produção, pois o pescado fica armazenado em geleiras dentro dos barcos que não tem as condições adequadas para manter o peixe na temperatura ideal de resfriamento para que estejam em condições de consumo no momento de sua venda. Ainda mais absurdo é que não existe nenhum aproveitamento das 20 toneladas desperdiçadas todos os dias, estes peixes poderiam estar sendo utilizados para a produção de ração animal, gerando inclusive uma renda extra para os pescadores. Existe ainda uma exploração dos pescadores que utilizam a balsa tanto para atracação quanto para a comercialização dos peixes, sendo cobradas taxas diárias mesmo eles sendo sócios da colônia. A construção do Terminal Pesqueiro Público pode resolver tal situação, com as câmaras frigoríficas, os peixes podem ser conservados por um tempo bem maior, retirando o peixe todo do barco e dando condições adequadas de armazenamento poderá ser reduzido em grande quantidade o desperdício de peixe verificado in loco. É importante lembrar que a balsa construída no TPP também dará melhor condição para a atracação das embarcações. Entretanto devemos nos preocupar com a gestão desta estrutura, pois de nada adiantará o investimento, se os pescadores ainda continuarem sendo explorados por aqueles que se dizem defensores da classe.

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