sábado, 25 de agosto de 2007

EDUCAÇÃO PARINTINENSE: A MENOS PIOR

Texto de Harald Dinelly

O autor é Gerente de Planos da Coordenadoria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Parintins, Acadêmico de Administração da UFAM e Micro-Empresário

Semana passada foi divulgado amplamente nos jornais de Manaus e interior o resultado do IDEB (índice de desenvolvimento da educação básica), realizado pelo MEC (Ministério da Educação) e para nossa satisfação Parintins estava representada entre as primeiras colocações no anos iniciais do ensino fundamental com o Colégio Estadual Nossa Senhora do Carmo com nota 5,3 (do máximo de 10 pontos) ficando em segundo no estado e em oitavo em todo o norte. Outras referências de nosso ensino são o Colégio Estadual Batista de Parintins e a Escola Estadual Araújo filho com nota 4,7 ficando os dois em sétimo lugar no estado e em sexagésimo na região Norte. Nos anos finais do ensino fundamental o resultado foi melhor ainda, o Colégio Estadual Nossa Senhora do Carmo foi classificado em primeiro no estado e em terceiro na região norte também com nota 5,3 (do máximo de 10 pontos).
Porém, não podemos nos empolgar e analisar este fato isoladamente, outros estudos realizados devem ser levados em conta e mostram realmente como anda a qualidade de nossa educação, pois como não foi divulgado o IDEB leva em conta as notas em matemática e língua portuguesa e com o mesmo peso a quantidade de aprovados, ou seja, tornando este índice muito mais quantitativo que qualitativo. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Juvenil 2006, elaborado pela Organização dos Estados Ibero americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) a qualidade da educação do Brasil está entre as três piores do globo, ao lado da Indonésia e da Tunísia.
Dentre os estados brasileiros, segundo os resultados da o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do ano passado, o Amazonas é o penúltimo lugar na classificação dos Estados brasileiros. A atual política educacional brasileira está tornando nossas escolas “fábricas” de currículo escolar, e as salas de aula em linhas de montagem, onde a maior preocupação é produzir em grande quantidade.
Todo o ano a historia se repete, em todas as séries os alunos têm a sua disposição provas de recuperação durante todo o ano, cada vez que ele é reprovado cria-se uma nova prova para tentar aprova-lo. As Escolas criam todo um cenário para atingir uma maior quantidade de alunos aprovados, pois de acordo com o seu índice de aprovação ela recebe mais ou menos recursos.
É importante ressaltar que esses alunos quando saem do ensino médio não têm a capacidade de resolver problemas de lógica e muito menos capacidade de fazer um texto dissertativo ou de interpretar um simples texto. Estão acostumados - para não dizer bitolados – a simplesmente repetir o que os professores falam em sala de aula, não são estimulados a desenvolver um senso crítico, a indagar e a buscar novas opiniões, apenas aceitam a informação como lhes é repassada.
Ao saírem do ensino médio, estes mesmos alunos fazem um vestibular, que em alguns cursos nem a redação lhes é exigida, além da deficiência destas provas – com nível de dificuldade compatível com o ensino que lhes foi ofertado. Ainda estão sendo criadas uma série de cotas, PSC, Negros e Pobres terão uma porcentagem das vagas garantidas. Com toda essa facilidade os alunos deficientes são aprovados e ao chegarem nas Universidades, se deparam com um ensino de mesmo nível que eles tiveram durante toda a vida, onde fazem provas de consulta, seminários onde todos recebem as mesma nota 10, e quando são exigidos por algum professor que tem a consciência do péssimo profissional que está formando, os mesmos se sentem perseguidos e exigem que se faça a mesma metodologia na qual o professor é “obrigado” a aprovar o aluno.
Estou citando apenas o ensino “presencial”, mas temos também o “ensino” através de tele-aulas, este grande avanço é tecnológico mas, pouco educacional. Os alunos passam quatro horas diárias em sala de aula (quando comparecem), assistindo a um Professor que, por mais qualificado que seja não tem a menor condição de avaliar se o conteúdo passado está sendo absorvido, não existe o feedback, as aulas são formatadas sem se levar em conta o local onde serão apresentadas, a realidade é muito diferente até mesmo dentro do estado do Amazonas, um aluno que mora em tabatinga é muito diferente do que mora em Parintins. Os instrutores, responsáveis pela presença da Instituição na sala de aula, limitam-se apenas a tarefas básicas, não têm capacidade de responder a questionamentos, ficando estes a espera de resposta por e-mail.
Não devemos culpar as Escolas, os Professores e muito menos os alunos por este quadro preocupante, tampouco o governo do Estado e as Prefeituras, pois observamos os grandes investimentos em infra-estrutura, a educação de nosso município hoje atende a toda a zona rural, inclusive com o ensino médio. Devemos culpar a política educacional praticada em nosso país, que estimula a inclusão educacional e não se preocupa com a qualidade do ensino ofertado, e não adianta o governo federal culpar os mandatos anteriores porque é incompreensível que nestes cinco anos ele tenha ficado inerte, ou até mesmo omisso.
Por isso, Parabéns às Escolas de Parintins, que estão entre as melhores da Região Norte e vaias a “la carioquês” para o Presidente Lula e seu ministro da educação Fernando Haddad que juntos estão construindo este sistema educacional exemplo mundial de ineficácia.

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